A pauta que a direção do SINTERO teme realmente defender.
“Cinismo é combinação de comodismo com impotência”.
Bertrand Russell
1*DesProf.Peixoto
Esta é a segunda e mais cansativa
greve dos Trabalhadores da Educação no Governo do PMDB de Rondônia. Greve
conduzida pelo SINTERO- Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Rondônia.
Como de costume, o seu principal interesse é sempre o mesmo: mais dinheiro para
o bolso do trabalhador. Salários maiores! O resto é ornamento para enganar a
sociedade. Mas, isso nenhuma das lideranças sindicais vai admitir. Nenhuns dos
seguidores acríticos desse sindicato expõem em seus cartazes enquanto fazem
suas procissões pela rua. Às vezes chego a me perguntar se os colegas grevistas
acreditam mesmo que podem enganar o povo. Será? Pois, o povo, cujos filhos
dependem da escola pública, empiricamente observa que, a despeito da retórica
tradicional de “melhoria da educação” ou das “condições de trabalho”, a vida
permanece a mesma, a escola continua sendo a mesma bosta e o ensino dos
professores a mesma droga de sempre no dia seguinte ao fim da greve. Ainda que se
possa se solidarizar com alguma vitória pífia dos grevistas, logo os alunos da
escola pública retornam à dura realidade da escola pública onde estudam. Se nem
a vida medíocre da maioria dos professores e demais profissionais da educação
muda, por que acreditar que a vida estudantil melhorará após a greve? Quero
ressaltar aqui que os motivos das greves são sempre justos. O que é injusto são
os seus resultados! Geralmente por causa da péssima condução dos dirigentes
sindicais que as dirigem e da pobreza mental dos desesperados seguidores que as
realizam: a maioria da minoria dos servidores da educação em Rondônia.
Fazer mais uma greve do jeito como
sempre fizeram com base numa pauta mal definida por uma minoria encastelada na
direção do SINTERO, é para quem pesquisa, avalia e reflete acerca da educação pública
escolar, das políticas públicas governamentais para essa área; das práticas dos
profissionais da educação no interior das escolas e das práticas dos dirigentes
sindicais uma tremenda de uma burrice sem tamanho de quem decide seguir as “orientações”
sindicais. É se comportar como antas, melhor dizendo, como ovelhas domesticadas
pronta para serem tosquiadas pelos “companheiros” do sindicato como pelo
governo ou por ambos. Já para quem conduz ou puxa o movimento, um negócio da
china. Uma vez que no ano que vem haverá eleições e há gente interessada dentro
do sindicato em se eleger para deputado estadual e federal e até gente doidinha
para ir assistir a Copa do Mundo no Nordeste e dar condições de inúmeros
sindicalizados poderem continuar pagando o caríssimo plano de saúde fornecido
pela ASPER, o antigo “SINTERO Saúde” num cinismo sem tamanho. Qualquer que seja
a conquista oriunda de mais essa greve jamais será o suficiente para realmente
melhorar a qualidade de vida dos profissionais da educação, daqueles que tem
dedicação exclusiva, que só vive do trabalho que presta ao governo como
servidor público. E nem melhorará os serviços prestados aos alunos. Esses
continuarão sendo os mais prejudicados.
Os que aderiram publicamente ou
discretamente a mais essa greve, assim que for oportuno aos dirigentes
sindicais voltarão a fazer greve. É para isso que existe o sindicato. Sem greve
não há serventia para ele. Logo, não se luta para resolver de fato os
problemas, mas para apenas remediar. As conquistas devem ser e serão
paliativas, de curto efeito. É aí onde reside o cinismo dessa patota. Combina-se
uma impotência intencional, maliciosa com cômodos aumentinhos salariais e
alguns agradinhos jurídicos como a instituição da tal “democracia” de faz de
conta por meio da eleição de pessoas para seguirem ordens da SEDUC e não dos
eleitores e a sempre incompleta realização do Plano de Cargos, Carreira e
Salário. Da parte do governo, o cinismo se manifesta quando insiste em querer
que professores e professoras, merendeiras e demais funcionários reconheçam benefícios
que nunca foram proporcionados a eles de fato. Quando quer que os mesmo se
contente com pouco, que faça muito com pouco! Que diz não ter dinheiro, mas
para os CDS tem em abundância conforme informa o Diário Oficial do Estado.
Diante disso, afirmo que da pauta oficial do SINTERO, só a reivindicação de
cunho econômico [aumento salarial ou de gratificação] é que está sendo levada a
sério e mesmo assim sem garantias nenhuma de sucesso. Lembre-se: sindicato algum
luta para conseguir tudo, senão deixa de ter utilidade!
Como eu já sei que não conseguirão
tudo mesmo e que se ganhar será uma merequinha a mais no salário e nada mais,
proponho outra pauta. Melhor e que, acredito, pode ser contemplado até pelo Plano
FUTURO do Governo do Estado de Rondônia. Certamente dentro do orçamento do
governo. A pauta que proponho não interessa aos dirigentes sindicais e aos
sindicalizados que fazem do serviço público um bico, por motivos acima já ditos.
Dificilmente, os fieis sinteristas juramentados compreenderão, mas, acredito
que os que forem honestos na leitura desse texto verão que a pauta que proponho
é melhor. Eis seus itens:
1. A SUSPENSÃO DO PROJETO GUAPORÉ DE ENSINO DE TEMPO
INTEGRAL até que o governo tenha condições de pagar bem a mão de obra
necessária para sua plena realização. Essa idéia de fazer mais com menos não
funciona na educação! Aumentar a quantidade de trabalho na educação e sua
produtividade sem nenhuma compensação e real condição é pura ficção! A lógica
da iniciativa privada não funciona bem nos moldes medíocres que o Estado quer.
Os “Terceirãos” da Escola Pública do Ensino Médio continuarão sendo uma
imitação barata!
2. A SUSPENSÃO DO PROJETO MAIS EDUCAÇÃO até que o governo deixe de ser mentiroso oferecendo reforço
escolar barato e de má qualidade para apenas ocupar o tempo dos filhos da
camada popular que freqüenta mais a escola por causa da merenda que pela
formação e que contrate profissionais habilitados via concurso público para
realizarem esta função.
3. O FIM DO CONTRATO COM A ASPER - ASSOCIAÇÃO DE
TRABALHADORES NO SERVIÇO PÚBLICO NO ESTADO DE RONDÔNIA devido
aos seus altos custos e péssimos serviços e atendimento aos clientes
associados. No lugar do auxílio saúde, que o governo poderia patrocinar outro
plano de saúde integral coletivo: para todos os funcionários, sem
co-participação. De que vale ganhar, por exemplo, 6% a mais no salário se em
outubro se a ASPER aumenta 18% o preço da sua mensalidade e pior com
co-participação do associado? De que adianta sustentar esse “plano” onde o
presidente do SINTERO faz parte da diretoria e não tem interesse algum de
impedir seus aumentos mal explicados e rotineiros? Sem que os associados tenham
poder sobre suas decisões! Com ou sem reajuste salarial, a mensalidade da ASPER
irá subir, diminuindo o poder aquisitivo dos associados. Se o governo tomar as rédeas
e garantir a saúde dos servidores: só a saúde dos espertos da ASPER é que vai
degringolar.
4. A VENDA OU ALUGUEL DA NOVA SEDE DO SINTERO que
está em fase de acabamento e a utilização do dinheiro levantado para baratear,
subsidiar os custos do Plano de Saúde vendidos pela ASPER por exemplo. Só com o
aluguel desse espaço poderia baratear os custos, por exemplo, das merendeiras.
Parte da categoria mais sofrida e que recebe menos e que estão fora do plano de
Saúde da ASPER. Para que uma nova sede? Para o conforto e vaidade dos filiados?
Claro que não! No lugar de usar esse prédio novo como Sede Oficial, proponho
que utilizem as dependências da sua SEDE SOCIAL: é mais barato e mais espaçoso
que o novo prédio em construção. Fazendo isso, a direção sindical daria um
ótimo exemplo para a sociedade e o governo de como se economiza em prol de
todos! Em benefício de seus filiados e não apenas da sua direção. Uma
demonstração de modéstia e economia que, com certeza, atrairá muito mais apoio
do que já tem. As sedes ou qualquer imóvel do sindicato existem para seus
filiados ou será que são os filiados que existem para essas construções?
5. A NÃO UTILIZAÇÃO DOS SÁBADOS PARA REPOSIÇÃO DAS
AULAS. Todos precisam de descanso: alunos e servidores para poderem
trabalhar bem durante a semana. Não importa se o ano letivo não terminar em
2013! Pois a utilização dos sábados tem como único propósito possibilitar a
viajem para o exterior dos professores e professoras que não dependem do
salário da rede pública para viver. Geralmente professores que fazem do serviço
público um complemento de renda, um bico. Se, em situação normal, a maioria dos
professores leva serviços para casa sobrando só os domingos para descansar, já
imaginou se houver aulas no dia de sábado? As aulas aos sábados são umas
fraudes!
6. ESCRITURAS DOS
TERRENOS ONDE RESIDEM OS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO OU CASA PROPRIA NÃO
CONJUGADA PARA OS QUE NÃO TEM E MORA DE ALUGUEL. Isso pode ser feito pelo Governo Confúcio Moura via inclusão desses profissionais
no Programa “Título Já” Um programa
de regularização urbana ou rural para que ainda não tenha sua posse escriturada
e inclusão também no Programa: “Morada
Nova”. Isso não é nenhum bicho-papão para o
governo da Cooperação. O governo, se quiser, pode separar parte do recurso
emprestado para construir essas casas para os servidores com desconto em folha.
Isso seria uma forma indireta de aumentar o salário. Quantos não ficariam
felizes em ter sua casa própria não conjugada para viver? Ou a Escritura do imóvel
onde mora? Mas, parece, que ninguém do governo ou do SINTERO se interessa por
isso. Isso, os santos sinteristas nem sequer colocam em discussão!
Pois bem, por fim, essas são
algumas propostas que podem ser negociadas com o Governo como condições para o
retorno ao trabalho já que sabemos que o governo não vai atender a pauta
oficial proposta pelo sistema diretivo do sindicato. Pois nem os sindicalistas
querem isso! Penso que podemos exigir isso, pois somos também parte do povo que
vive aqui, então porque temos que ficar de fora dos programas sociais do
governo? Este governo quer que se faça muito com pouco dinheiro! Quer aumento
de produtividade sem aumento salarial! Talvez considerando as propostas acima
seu desejo possa acontecer. Trabalhador feliz trabalha melhor! Mas, será que o
SINTERO tem coragem de trocar a sua pauta? Não, seu cinismo é mais lucrativo
que isso!
1*
DesProf.Peixoto, historiador formado pela UNIR/UFRO em 1997, Professor de
História da Rede Pública de Ensino desde 1990; readaptado desde 2009: vítima de
assédio moral no ambiente de trabalho por uma colega diretora da escola.
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