Rudá Ricci: AS QUESTÕES ESSENCIAIS PARA O PT RESPONDER
Rudá Ricci
Não há dúvidas que se trata
de uma caçada ao PT. De minha parte, entendo não ser nada muito distinto do que
ocorreu, quase sempre, com a esquerda brasileira. Foi assim durante o getulismo
e durante o regime militar. E, mesmo assim, a esquerda retornou. E cresceu,
sempre, em períodos democráticos. Portanto, o que ocorre agora com o PT é algo
que não surpreende quem é de esquerda.
O que surpreende é como a
militância petista fica surpresa. Surpreende perceber como esta militância se
despolitizou e parece acreditar no liberalismo ou no legalismo como se a
justiça fosse divina, não um produto de embates sociais. Nenhum partido
conseguiu ganhar 4 eleições seguidas para a Presidência em toda história
republicana brasileira. O PT conseguiu. Suas vitórias eleitorais revelaram
confiança do eleitor. Que se desfez com a mudança de rumo, não por mágica dos
poderosos (poderosos, aliás, que dificilmente ganham eleição para a Presidência
da República), mas porque o último petista eleito para governar o país resolveu
trair sua própria palavra e seus eleitores.
Também não é verdade que se
não fosse o PT ceder tanto até perder o reflexo no espelho, não ganharia ou não
conseguiria governar. Caso fosse verdade, o eleitor não teria importância, a
intenção da maioria dos eleitores (pobres) nunca seria explicitada
politicamente e, neste caso, o melhor seria colocar a viola no saco e limpar o
chão por onde passam os donos do poder.
A questão central, neste
momento, para o PT é: apesar da perseguição explícita, o partido errou?
Vou detalhar a pergunta:
Alguns petistas, assim como
Silvinho Pereira admitiu que fez, colocaram a mão na cumbuca? Houve desvios
morais em relação aos princípios do partido?
Se ocorreu, não seria o
primeiro ponto para rever o discurso original do PT de guardião da moral no
trato da coisa pública? Ou, ainda mais importante, não seria o caso de fazer
uma dura e ampla autocrítica para deixar claro que não é da natureza política
cometer tal erro?
No mesmo caminho, tantos
petistas ou simpatizantes do partido reclamam da falta de reação política
contra a perseguição e desatinos de quem tomou o poder há um mês. Não seria o
caso de se perguntarem o motivo de ter chegado a esta situação? A direção do PT
e seus próprios militantes não construíram uma postura autossuficiente e
vanguardista, incentivando a idolatria e a tietagem geral e irrestrita ao invés
de somar e motivar a organização e a emancipação popular?
Temo que as conclusões são
equivocadas porque os petistas não estão se fazendo as perguntas essenciais.
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