O Sindicato dos Gatos
A respeito da peleja eleitoral dos “gatunos sindicais”
pela direção do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Rondônia.
“Não importa a cor do gato, mas se é ou não capaz de caçar ratos."
Deng Xiaoping (1904-1997)
2- Diante dessa versão da nossa realidade sindical, poucas foram às vezes que miados dissidentes, discordantes ou dissonantes se manifestaram nessas assembléias regionais e mesmo assim, sem sucesso. Essa forma convencionada de promover assembléia não existe para mudar o figurino cutista e petista a qual eles enquadraram o sindicato. Pelo contrário, as assembléias são apenas um instrumento de legitimação do grupo dirigente e do figurino por eles escolhidos. Não há registro conhecido de outras gatarias formalizadas, organizadas, atuando sistematicamente dentro e fora dessas “assembléias” diretamente nas chamadas “bases” ou no local de trabalho. Nem a direção faz mais isso. A chamada “oposição”, infelizmente, só tem sido conhecida em ano eleitoral. Fora disso o que existe são gatos vira-latas divergentes pouco conhecidos e dispersos no interior da gataria educacional. Felinos inclusive que brigam entre si. Alguns filiados a partidos de oposição, a outras centrais sindicais ou sem partido, os independentes. Mesmo assim, só alguns desses é que conseguem se juntar e recrutar qualquer um às pressas e de qualquer jeito para poder disputar as eleições sindicais e tentar a sorte: vencer por acaso ou por azar os gatunos que já estão juntos a mais de duas décadas, organizados, aparelhados e munidos de recursos obscuros que a maioria desconhece a sua origem verdadeira. Uma oposição sem organização de fato, sem vergonha de perder sempre, fulera, que compete por competir, legitimando sempre a regra aprovada pela maioria da minoria que sempre se fizeram presentes as ditas assembléias regionais. Enfim, fazendo o jogo dos gatunos da situação. Pior ainda, agindo de forma muito parecida, a começar pelo desinteresse em informar com transparência absoluta suas fontes de recursos econômicos, discutir e acertar, previamente, com os aliados os detalhes os seus planos e tomarem decisões de cima para baixo: sem base.
3- A lógica de funcionamento político do SINTERO lembra muito a do partido comunista da extinta URSS, da China e de Cuba. A entidade foi e é estruturada de uma forma tal que dispensa o protragonismo das chamas bases e a sua presença efetiva nos também chamados locais de trabalho, neste caso, as escolas. Os gatos da categoria dos trabalhadores em educação só são necessários durante a campanha eleitoral e quando a minoria que decidiu por uma greve geral precisa de claque ou bucha de canhão para as suas ações de pirotecnias políticas que simulam uma grande adesão ou ação como, por exemplo, a invasão da SEDUC, da Assembléia Legislativa, do Palácio Getúlio Vargas e quando é preciso bater de frente com a polícia. E só. Por quê? Porque tal como aconteceu com o PT, o sindicalismo por eles forjado se tornou também um sindicalismo de notáveis, aristocrático. O tal sindicalismo de luta mudou, sofreu inflexões com o passar do tempo: se tornou pragmático; um sindicalismo de resultado pífio, medíocre que se contenta com miséria e que nunca mudou a educação que se faz dentro das escolas. Esse tal “sindicalismo de luta” virou slogan vazio, miado de gatos esfomeados em cima do telhado. Sua base não passa de claque; os alunos dessa base: formiguinhas; as assembléias: cultos e momentos de homologação ou de masturbação mental. Mudanças, só dentro do grupo dirigente e só! Quem quiser tentar mudar alguma coisa tem que começar por baixo, como um figurante, um torcedor fiel, talvez líder de torcida dentro das escolas. Uma vez conseguindo fazer parte dessa diretoria no que denomino de “baixo clero”; depois de anos de subserviência e lealdade ao grupo talvez possa conquistar sua confiança e ter uma chance de ascender a algum cargo no que chamo de “ALTO-CLERO” sindical: isto é fazer parte do staff felino que sempre vence as “eleições” e dirige este sindicato. Não há, por enquanto, oposição externa séria e diferente que consiga mudar essa situação.
4- Então, diante disso, o que parece ser a oposição representada pela chapa 02? Metaforicamente, gatos de uma cor diferente, mas que ainda são gatos! Por que age segundo a lógica dos gatos, do jeitinho como os gatunos da eterna direção esperam que se comportem. Que gostam de comer ratos como os outros gatos comem, mas não sem antes brincar o pouquinho com eles: suas presas. Com a pequena diferença: na cor somente. Até o miado é o mesmo em essência. Os domésticos que fazem parte do establishment da direção são a maioria do PT e ligados a CUT. São os que hoje não só comem ratos, mas rações especiais de várias procedências suspeitas. Já os da rua [os de fora], são vira-latas, desejosos de terem pedigree, sem um miado aristocrático, desorganizados, que comem qualquer coisa que encontram na rua e que não andam em grupo permanentemente a não ser quando tem que disputar a mesma lata de lixo, o mesmo cocho de ração chique com os gatos notáveis do SINTERO: são os que usam as cores do PC do B e da CTB. Que também comem da mesma ração especial fornecida pelo governo, embora omitam dos demais vira-latas, sem partido, sem cor definida e dos que preferem agir e pensar por conta própria. Afinal de contas eles também são GATOS! Ora bolas!
A briga pela direção é "cruel" |
5- Infelizmente, o “sistema”, as “condições materiais” e “imateriais”, a cultura sindical aqui desenvolvida, no momento, não possibilitam alternativas diferentes de limpar o sindicato desta gatarrada dos infernos chamado de “SINTERO SOMOS sempre NÓS” e de proteger a entidade que outra piara felina de procedência duvidosa. Como mudar sem sermos gatos como eles? Será que os ratos e demais bichos da cadeia alimentar felina que estão de fora, teriam alguma chance? Talvez não, afinal, o sindicato, o SINTERO é dos gatos e não dos ratos. E de “certos gatos” sendo mais preciso. Não há vaga na “diretoria executiva” ou no “conselho diretivo” para todos! A categoria tem gatos demais e de várias espécies. Então, o que me resta fazer diante de uma situação como essa acima descrita? Apenas torcer para que, pelo menos, gatos de uma única cor não controle todo o sindicato sozinho; que os de outra cores consigam tomar a maioria das regionais do SINTERO na esperança de que isso force os velhos gatunos de sempre a negociar, a dividirem a ração e a cama de gato do poder e, com isso, alguma mudança possa ocorrer no sentido de que nunca mais gatos de uma só cor possuam a hegemonia absoluta e por tanto tempo dentro desse sindicato. Miau! Isto é, Amem!
*Dedico esse texto a um velho amigo: hoje gato novo e goordo da UFRO.
20/10/2011
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