MÁSCARA FRAUDULENTA!
Um dos “nobres" ideais das greves da patota do “SINTERO somos sempre nós” em Rondônia tem sido sempre o mito da "qualidade de ensino": uma bela máscara fraudulenta.
1-
“Salário justo”! “Valorização profissional!” “Melhoria da qualidade de ensino!”
Eis as três bandeiras de todas as greves já feitas ao longo da história do SINTERO
em todas as greves que eles promoveram e que vem promovendo até agora. Que bom
que essas bandeiras representassem mesmo o desejo da categoria que vai a luta e
fossem mesmo conquistadas. Fizessem história! Mas, não. A história que vivemos aponta
para outra direção. No que diz respeito à pauta “qualidade de ensino”
especificamente: ela ainda é estória para boi dormir. Serve apenas para fazer
ninar e mascarar nossa única intenção egoísta e mesquinha: aumentar nossos
parcos vencimentos e disfarçar os politiqueiros do grupo “SINTERO somos sempre
nós” de guerreiros fortes e valentes da boa educação. “Qualidade de ensino” tem
sido uma bela máscara, porém fraudulenta. Ornamento das greves e nada mais!
2-
Isso mesmo: ornamento, enfeite, adorno, adereço de pauta, máscara, enfim,
propaganda enganosa para que mesmo? Para atrair o apoio da população para uma
causa que não é dela totalmente, mas dos grevistas, de boa parte dos
trabalhadores em educação filiados ao SINTERO, que compactuam com a sua direção
que aí sempre estiveram e que as seguem de olhos bem fechados como um bom
rebanho que tem sido até o presente momento por isso, uma bandeira fictícia. Por
isso, a não participação da maioria absoluta dos que fazem parte dessa
categoria e o vexame e a incredulidade que causam nas pessoas que estudam nas
Escolas Públicas. Greves com interesses mascarados não tem sido bom em longo
prazo para ninguém.
3-
Basta que façamos uma boa retrospectiva de todas as greves, usarmos um pouco
nossa memória acerca delas e olharmos para o sistema de educação pública de
Rondônia para vermos o tamanho da qualidade conseguida após cada greve
ocorrida. O sistema não melhorou, não mudou e não pretende mudar com qualquer
greve não. Continua sendo o mesmo de sempre, gerando coisas ruins para todo
mundo. O presídio conhecido como “Urso Branco” aqui na capital vemos o tanto de
ex-alunos que passaram pelo sistema educacional oferecido até agora. Nas
atividades econômicas do Estado, podemos ver para quem tem servido a educação
que se oferece aqui. Mesmo assim, mesmo quando, acidentalmente, faz algo de bom
pelos alunos ainda há problemas na qualidade do que é feito haja vista que o Estado
tem que importar trabalhadores mais qualificados de outros lugares para fazer
os que os nativos não conseguem aprender bem nas nossas escolas. São poucos os
que se beneficiam da educação que se faz aqui. Muito poucos! Entre esses, os
políticos locais.
4-
A “formação” de boa parte dos políticos que já comandaram esse Estado não veio
das Escolas Públicas, mas de fora dela quer seja em Rondônia ou de outros
lugares do Brasil. Há quem até governou o Estado sem ter tido nenhuma
escolaridade completa e que batia no peito dizendo que ficou rico sem precisar
estudar. O ensino público oferecido aqui apenas, no mínimo, no mínimo, ajudou e
ainda ajuda os políticos profissionais convencionais e do sindicalismo local a
manterem seus privilégios, ajudando a fornecer certificados de cursos nunca freqüentados,
muitas vezes comprados, e a manterem distraídas e ocupadas as crianças e jovens
que se servem da Escola Pública na idiotice de certos modismos pedagógicos
importados da Bahia e de outros lugares e de outros tempos passados, quase o
dia inteiro enquanto os pais trabalham para ganharem a vida. Escola Pública
nesse confim de mundo tem servido assim, como armazéns, depósitos de crianças,
abrigo para que possam permitir aos pais produzirem em paz, sem atropelos. E
com a implantação, de goela abaixo, gradativa e sem amplo debate público prévio
a respeito dessa temática; das assim chamadas escolas de tempo integral, aí é
que se tornarão um grande cercadinho com merenda, distrações variadas e com
oferta dum ensino de qualidade duvidosa, pois não houve nenhuma mudança radical
de concepção do ensino oferecido até agora para que isso acontecesse: ele
continua sendo aquele tradicional de sempre. Com a diferença de está mais
robusto na quantidade e mais light na cobrança, pois é preciso dar um jeitinho
para que os índices cresçam mesmo que de forma suspeita e artificial. Tudo sob
o controle e a vigilância dos profissionais do ensino: os que fazem as ditas
greves. A maioria desses trabalhadores em educação que se resumem a isso: a
serem muito bem pagos para serem uma espécie de guardadores, domesticadores e
doutrinadores de alunos enquanto os pais trabalham. Meros Pastores de Ovelhas!
5-
Os poderosos de Rondônia, do SINTERO e do próprio sistema público de ensino não
colocam seus próprios filhos na Escola Pública. Preferem colocar onde acreditam
que saem “as
melhores cabeças”:
O sistema
privado, em especial uma fortemente instalada aqui que, a propósito, não por
coincidência, adora usar essa expressão como mote de suas propagandas
comerciais em todas as mídias. As Escolas Públicas existem para fornecerem
ensino pobre por professores pobres para que os alunos continuem sendo pobres
e, no futuro, colocando seus filhos na mesma escola num maldito eterno retorno.
Raras são as exceções. Poucos são os que escapam dessa maldição. Escolas
Públicas existem para a reprodução da estrutura social existente. No Brasil, o
pensamento do sociólogo Francês Pierre Bourdieu continua vivo e real ainda no
que diz respeito ao ensino e a sua qualidade. Vejam bem, não estou dizendo que,
no Brasil, as Escolas Públicas não oferecem um ensino sem qualidade. Não! Nada
disso! O Ensino aqui tem qualidade sim! A questão é a qualidade que se cultiva
nessas paragens amazônica, brasileira. A questão é conceitual. A qualidade
oferecida é aquela que satisfaz apenas a fome de comida, fome de ovelhas. Não a
fome que a burguesada é educada a ter e exigir quando estudam, por exemplo, no
Colégio Dom Bosco ou no Objetivo. Pelo contrário, a qualidade de ensino
fornecida pelas Escolas Públicas daqui é aquela digna de uma boa pastagem. É
boa para isso: para PASTAR,
para encher a pança e ocupar o tempo com distrações quase que circenses dos
nossos pândegos docentes por uma ninharia. Esta sim tem sido o conceito de
qualidade que se tem posto em prática.
6-
A bandeira da melhoria do ensino tão bradada pelos sindicalistas em todas as
greves é uma bandeira sem cor, sem desenho, sem nada. Máscara e coisa alguma!
Porque não nos diz nada, nunca pretendeu dizer alguma coisa, apenas servir de
ornamento e material de propaganda enganosa dos bestas que acreditam neles. É
tão fraudulenta que, num documento produzido pelo departamento de comunicações
do Estado, o DECON, o atual Secretário da Educação chegou a especular sobre
isso; sobre as razões do porque nunca se fez greve para que o Estado
construísse mais escolas; nunca se fez greve para diminuir o número de alunos
por sala, acabando com a super lotação hoje existente. Nunca se fez greve para
que no Plano de Carreiras fossem incluídos pontos que de fato, resolvessem
problemas tais como: a da falta de uma política de lotação dos trabalhadores em
educação próximo dos bairros onde residem; a falta de autonomia real para as
escolas; o excesso de intromissão dos órgãos burocráticos da SEDUC sobre as
mesmas; a imposição de currículo; a inclusão na grade de ensino de disciplinas
exóticas e acima do nível dos alunos tal como a oferta da sociologia para
alunos do Ensino Fundamental por professores não habilitados na área das
Ciências Sociais; a imposição de um calendário escolar único: camisa-de-força
para as escolas vestirem a todo custo. Nunca se fez greve para que as Representações
ou Coordenadorias Regionais de Ensino e Gerências de Ensino se limitassem a
apenas ajudar sem controlar a ferro e a fogo as escolas a cumprirem bem o seu
papel. Nunca se fez greve para que o governo mudasse a forma de seleção dos
novos professores via concurso e garantir que só os melhores fossem
selecionados. Enfim, só se fez greve apenas para aumentar ou repor perdas
salariais ou qualquer coisa apenas relacionada a isso. Por tudo isso, melhor
dizendo, pela falta de tudo isso nessa dita bandeira do “Ensino de Qualidade”
defendida pelo sindicato dos Trabalhadores da Educação que afirmamos ser uma
ficção, uma fraude descarada para a sociedade.
7-
Ora, como defender melhoria do ensino jogando a responsabilidade apenas para o
Estado e seus agentes? Recusando-se a sermos protagonistas de fato desse
processo? Fazendo greve todos os anos apenas por amor e devoção a Mamon? Por que não podemos mudar de
atitude e transformarmos o que tem sido sempre uma máscara em nosso rosto de
fato? Pretexto verdadeiro para fazermos greve por causas que sejam também à causa
da população que ainda acreditam na Escola Pública? Por motivos justos mesmo? Porque
querermos intensamente um ensino que tenha uma qualidade igual ou melhor que
aquele que é oferecido pela iniciativa privada? Lutar por melhoria salarial é
justo, muito justo mesmo! Mas não significa que com bons salários por si só, façamos
um ensino melhor, até porque nunca ganharemos o suficiente para mudarmos nossa
mentalidade de meros auleiros, não poderemos ler mais e com isso pensarmos
mais, criticarmos mais e sermos mais do que temos sido: protagonistas dentro do
sistema vigente. Até porque também, há entre nós, muita gente que não tem nenhum
interesse nisso, em tirar a máscara, a começar pelos caras que sempre lideraram
este sindicato. Basta prestarmos a atenção como os mesmos ensinam nos colégios
onde trabalham. O que ensinam e como ensinam os companheiros de luta durante as
greves que promovem. Conceito de qualidade de ensino que pode ser percebido nas
procissões que fazem; nas rezas ao redor do Palácio do Governo; nas gritarias
durante as assembléias; nas sacanagens que fazem com os adversários, com os que
pensam diferentes e têm idéias diferentes da maioria das tietes sinteristas
presentes em todas as greves ou evento pedagógico governamentais. Que deus nos
ajude!
نراكم قريبا!
©DesProf.Peixoto.
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