A veja É FOCO DE PESTILÊNCIA
Por Celso Lungaretti
Fui preso político durante a ditadura militar.
Vez por outra, principalmente quando estava sendo transportado a outro estado, colocaram-me em cadeias para presos comuns, ao lado desses infelizes. Mais tarde, visitei um amigo que cumpria pena (por posse de remédios igualados a entropecentes!) naquela Casa de Detenção que viria a ser palco de uma carnificina atroz em 1992.
Vez por outra, principalmente quando estava sendo transportado a outro estado, colocaram-me em cadeias para presos comuns, ao lado desses infelizes. Mais tarde, visitei um amigo que cumpria pena (por posse de remédios igualados a entropecentes!) naquela Casa de Detenção que viria a ser palco de uma carnificina atroz em 1992.
E,
quando ele foi libertado, anotei seus relatos para escrever um livro
--mas acabei desistindo da idéia porque o Percival de Souza lançou um
bem parecido com o que eu tinha em mente.
Então,
posso dizer que conheço bem o ambiente das prisões; daí considerar
extremamente repulsivo quem se regozija por um semelhante ir para trás
das grades, como faz a revista veja na capa de sua edição de 05/09/2012, saudando "a perspectiva inédita da prisão de corruptos" com um ATÉ QUE ENFIM estampado em letras garrafais..
Por
pior que seja o criminoso, devemos lastimar a sua sorte, tanto quanto a
de suas vítimas. São vidas desgraçadas, destruídas. Que prazer há
nisso?
Também
não vejo sentido nenhum em atirar numa masmorra quem não representa um
perigo para a sociedade, como o João Paulo Cunha, até agora o mais
ameaçado de prisão em regime fechado.
Trata-se
do caso típico de alguém que, se fez aquilo que o STF decidiu que fez,
foi apenas porque a ocasião se apresentou, não por ele a haver criado.
Acabar com sua carreira política e impor-lhe alguma pena alternativa não
seria suficiente? Querem também que seja degradado com a exibição numa
jaula?
Da veja,
hoje, discordo em tudo. Não só das posições políticas, mas também dos
valores éticos e visão de mundo. Que podem ser resumidos em apenas duas
palavras: monstruosa desumanidade.
É lixo tóxico: contamina quem a toca. A redação deveria ser interditada pelo Ministério da Saúde, como foco de pestilência.
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Comentários
Quem tem por ídolo facínora que estoura com bala miolo de criança que roubou pedaço de pão apodrecdido tem moral para falar em humandidade?
Por que os de esquerda podem ir para TV contar rindo como explodiu miolo de gente e do outro lado não?