Aos detratores do Professor Nazareno e aos seus defensores: Retrato do colonizado precedido do retrato do colonizador de Albert Memmi
- RETRATO DO COLONIZADO PRECEDIDO DO RETRATO
DO COLONIZADOR. ALBERT MEMMI. TRAD. MARCELO JACQUES DE MORAES. RIO DE JANEIRO:
CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA, 2007.
— O mestre
em Geografia e professor da UNIR-Campus de Ji-paraná JOSÉ JOACI BARBOZA em 26/07/2013 às
15:55 no jornal eletrônico tudorondonia faz uma recomendação de leitura no
intuito de colaborar para o enriquecimento do debate gerado pelo texto do
prof.Nazareno. Diz o Mestre:
“Não
vou me meter no debate, pois não li o outro texto, fiquei na leitura desses que
achei bem construído, portanto faço, no sentido de colabora, só uma pequena
correção. O livro OS DONOS DO PODE não é do Fausto Faoro e sim do Raymundo
Faoro, você deve ter associado ao Boris Fausto. Já que é para recomendar
leituras recomendo aos dois: O RETRATO DO COLONIZADO PRECEDIDO PELO DO
COLONIZADOR de Albert Memmi”.
RESUMO
- Foi
escrito antes da Guerra da Argélia. Os primeiros trechos foram publicados nas
revistas Les temps Modernes e Esprit
em 1956.
- É bom
que os líderes dos povos colonizados sejam homens de ação e não filósofos.
- O livro
é um clássico para os historiadores da colonização.
- O livro
revela os mecanismos comuns à maior parte das opressões em qualquer lugar do
mundo.
- A
colonização fabrica colonizados assim como fabrica colonizadores.
PREFÁCIO
DO AUTOR (1966)
“Um dia
certamente acabarei fazendo esse retrato geral do oprimido” p. 12.
“Realizei
este inventário sobre a condição do colonizado primeiramente para compreender a
mim mesmo e identificar meu lugar entre os outros homens” p. 13.
“Eu
estava assim descobrindo, em suma, que todos os colonizados se pareciam; e deveria em seguida
constatar que todos os oprimidos se pareciam em alguma medida” p. 13.
“A noção de privilégio, como, no
entanto, repeti com frequência, está no cerne da relação colonial [...] o
aspecto econômico da colonização é para mim fundamental” p. 16.
“O
privilégio colonial não é unicamente econômico” p. 17.
- A
relação opressora não se mostra apenas no viés econômico, ela tem outras
facetas.
“No
fundo, não sabemos inteiramente o que o homem é em definitivo, o que é
essencial para ele, se é o dinheiro ou o sexo, ou o orgulho, se a psicanálise
tem razão contra o marxismo, ou se isso depende dos indivíduos e das
sociedades” p. 17-18.
“Esse
retrato do colonizador era também em parte o meu; um retrato projetado,
digamos, no sentido dos geômetras” p. 20.
“CADA UM É O QUE SUA CONDIÇÃO
OBJETIVA FAZ DELE, JÁ O DISSE VÁRIAS VEZES” p. 21.
“Eu me perguntava se teria realmente
conseguido condenar tão vigorosamente a colonização se tivesse me beneficiado
mais dela” p. 21.
“Sou
incondicionalmente contra todas as opressões” p. 21.
“Se a
colonização destrói o colonizado, ela apodrece o colonizador” p. 22.
PREFÁCIO (Jean-Paul Sartre/1957).
“Os
jornais de lá (Argélia francesa) nos repetem que apenas o colono está
qualificado para falar da colônia” p. 25.
“A
conquista se deu pela violência; a superexploração e a opressão exigem a
manutenção da violência e, portanto, a presença do exército” p. 27.
“O colono
desfruta lá na Metrópole, dos direitos democráticos que o sistema colonial
recusa aos colonizados” p. 27.
“O
colonialismo recusa os direitos do homem a homens que submeteu pela violência,
que mantém pela força na miséria de subumanidade” p. 28.
- O
racismo é uma prática colonialista (cf.: p. 28).
“Não há
bons ou maus colonos: há colonialistas” p. 29.
“O conservadorismo engendra a seleção dos medíocres. Como é que
esta elite de usurpadores conscientes de sua mediocridade pode fundar seus
privilégios? Só há um meio:
rebaixar o colonizado para engrandecer a si mesmo, recusar aos nativos a
qualidade de homem, defini-los como simples privações” p. 29.
“Os
opressores produzem e mantêm pela força os males que, aos seus olhos, tornam o
oprimido cada vez mais semelhante ao que precisaria ser para merecer sua sorte”
p. 30.
“O colono só pode absolver a si
mesmo ao perseguir sistematicamente a desumanização
do colonizado, isto é, ao identificar-se a cada dia um
pouco mais com o aparelho colonial. O terror e a exploração desumanizam, e o
explorador se sente autorizado por essa desumanização a explorar ainda mais”
p. 39.
“A opressão é primeiramente o ódio
do opressor contra o oprimido. Só há um limite para esse empreendimento de
extermínio: o próprio colonialismo” p. 30.
“O
sistema quer a um só tempo a morte e a multiplicação de suas vítimas; qualquer
transformação lhe será fatal: quer se assimilem ou se massacrem os nativos, o
custo da mão-de-obra não vai parar de subir” p. 30
- Os que
movem o sistema estão obrigados a se manterem mais perto da morte do que da
vida.
- O
opressor ressuscita a humanidade que quer destruir. “Uma vez que a nega nos
outros, reencontra-a em toda parte como uma força inimiga” p. 31.
- O
sistema colonial é uma força em movimento.
“Esses
excluídos reinvindicarão sua exclusão sob o nome de personalidade nacional: é o
colonialismo que cria o patriotismo dos colonizados” p. 30.
- O
sistema opressivo que torna o colonizado em animal leva o povo a pensar que só
a morte o libertaria. A partir de então, são capazes de morrer pelo que
defendem ser a pátria. A defesa da pátria nada mais é do que a defesa de dias
melhores. “É seu infortúnio que se tornará em coragem; desta eterna recusa que
a colonização lhe opõe ele fará a recusa absoluta da colonização” p. 32.
PARTE 1 – RETRATO DO
COLONOLIZADOR
O sentido da viagem colonial
“Os motivos
econômicos da empreitada colonial já foram esclarecidos por todos os
historiadores da colonização; ninguém mais acredita na missão cultural e moral,
mesmo original, do colonizador” p. 37.
- A
partida rumo à colônia geralmente não é uma escolha incerta, uma aventura como
se costuma dizer. A viagem é uma tentação à facilidade.
- Quais
razões do colono se expatriar e quais os motivos dele ter persistido no exílio?
“Nosso
viajante nos proporá a melhor definição que existe da colônia: lá se ganha mais
e se gasta menos. Vai-se para a colônia porque as situações são asseguradas, os
tratamentos elevados, as carreiras, mas rápidas e o negócios mais frutuosos” p.
38.
- A
colônia é um purgatório remunerado no qual enriquecerá para voltar à metrópole.
“Seu exílio, na verdade, é de base econômica: o do novo-rico que corre o risco
de ficar pobre [...] quanto mais o tempo passar, mais durarão as vantagens” p.
39.
“Nem
mesmo aqueles que chamamos na colônia de pássaro de passagem manifestaram
pressa excessiva de partir” p. 39.
“Mas se um dia o econômico é atingido,
se as situações, como se diz, correm
riscos reais, o colonizador se sente então ameaçado e pensa, seriamente desta
vez, em voltar para a metrópole” p. 40.
“Ele
percebe que esse lucro só é tão fácil por ser arrancado de outros” p. 40.
- É a relação com o colonizado
que cria o privilégio do colonizador. “Se seu nível de vida é elevado, é porque o do colonizado é baixo” p. 41
- O discurso oficial é sempre escrito por
ele. “É ele que concebe as leis que fixam seus direitos exorbitantes e os
deveres dos colonizados [...] é ele o beneficiário de toda a empreitada” p. 42.
“Estrangeiro,
chegado a um país pelos acasos da história, ele conseguiu não somente criar um
espaço para si como também tomar o do habitante, outorgar-se espantosos
privilégios em detrimento de quem de direito” p. 42.
- As leis
locais, legitimam a desigualdade pela tradição. É um usurpador – um
privilegiado não legítimo. E isso, “não apenas aos olhos do colonizado, mas aos
seus próprios olhos” p. 42.
“Os
colonizados mais favorecidos jamais deixarão de ser colonizados” p. 43.
“O
colonial seria o europeu vivendo na colônia sem privilégios, em condições de
vida que não seriam superiores às do colonizado de categoria econômica e social
equivalente. Por temperamento ou condição ética seria o europeu benevolente,
que não teria em relação ao colonizado a atitude do colonizador. Ora, vamos
dizer logo, a despeito da aparência ultrajante da afirmação: o colonial assim
definido não existe, pois todos os europeus das colônias são privilegiados” p.
43-44.
“Se o pequeno colonizador defende o sistema
colonial com tanta firmeza, é porque é mais ou menos beneficiário dele. A
mitificação reside no fato de que, para defender seus limitadíssimos
interesses, ele defende outros infinitamente mais significativos, dos quais,
por outro lado, é a vítima” p. 45.
“EM MAIOR OU MENOR GRAU, TODO
COLONIZADOR É PRIVILEGIADO” p. 45.
- Há um
preconceito do próprio colonizado, “que concede a ele mais do que aos melhores
dos seus” p. 46.
- Os
valores dos colonizadores são reinantes na colônia.
- Os
colonizados querem escapar da condição de colonizado. “Por isso, eles se
esforçam para se assemelhar ao colonizador, na esperança declarada de que este
pare de reconhecê-los como diferentes” p. 48.
“Ao
decidirem se colocar a serviço do colonizador e defender exclusivamente os
interesses dele, acabam adotando sua ideologia, mesmo em detrimento do próprio
grupo e de si mesmos” p. 49.
PARTE 2 – O COLONIZADO QUE RECUSA
A SI MESMO (p. 53).
O colonizador de boa vontade...
“Antes da
colonização, os colonizados já não estavam atrasados? Se
deixaram colonizar foi precisamente porque não tinham porte para lutar, nem
militar nem tecnicamente” p. 60.
“Existe
incontestável mal-estar da esquerda européia diante do nacionalismo” p. 64.
“A
esquerda atual está desorientada diante do nacionalismo” p. 65.
“Ora, por
múltiplas causas, históricas, sociológicas e psicológicas, a luta dos
colonizados por sua libertação assumiu uma fisionomia nacional e nacionalista
pronunciada” p. 65.
- O socialismo é exportável? O
marxismo é universal?
PARTE 3 – O COLONIZADOR QUE
ACEITA A SI MESMO
... ou o colonialista (imigrante!!!).
“O
colonialista, em suma, é apenas o colonizador que se aceita como colonizador. E
que, então, ao explicitar sua situação, busca legitimar a colonização” p. 83.
“É comum
opor o imigrante ao colonialista de nascimento. O imigrante adotaria mais
frouxamente a doutrina colonialista” p. 83.
- Decidir
fazer a vida na colônia já não é um bom sinal. O imigrante, de início, está
disposto a aceitar tudo.
“Vindo
expressamente para provar do benefício colonial, ele será colonialista por
vocação” p. 84.
O RETRATO
“Geralmente
o homem é jovem, prudente e civilizado, tem a espinha curvada e os olhos
grandes. Em qualquer circunstância justifica tudo, as pessoas de posição e o sistema...
está atento a possibilidade de conquistar uma posição, de obter sua parte. Na
maioria das vezes, aliás, ele foi chamado ou enviado para a colônia: um
protetor o envia, um outro o recebe, e sua posição já está à sua espera” p. 84.
“Como é
que tais outros não se regozijariam por terem vindo para a colônia? Não estariam convencidos da excelência do
sistema, que faz deles o que são?” p. 85.
“Desde
então o defenderão agressivamente e acabarão achando que é justificado. Em
suma, transformaram-se em colonialistas” p. 85.
O COLONIALISTA POR PERSUASÃO
“Funcionário
nomeado ali por acaso, ou primo a quem o primo oferece asilo, ele pode até
mesmo ser de esquerda ao chegar e se transmudar irresistivelmente, por meio do
mesmo mecanismo fatal, em colonialista intratável ou dissimulado” p. 85.
- Os mais
éticos partem da colônia... “não aceitam se beneficiar da injustiça cotidiana”
p. 85. Os interesseiros e gananciosos esperam dali saírem ricos.
“Os
medíocres ficam, e pelo resto da vida. Pois eles não esperavam tanto, uma vez
instalados, evitarão largar sua posição; a não ser que lhes seja oferecida uma
melhor, o que só pode lhes acontecer na colônia” p. 87.
“A
promoção dos medíocres não é um erro provisório, mas uma catástrofe definitiva,
de que a colônia jamais se recuperava” p. 88.
“Essa
seleção gradual dos medíocres, que necessariamente se opera na colônia, é ainda
agravada por um campo exíguo de recrutamento. Apenas o colonizador é chamado
por seu nascimento, de pai para filho, de tio para sobrinho, de primo para
primo, por uma jurisdição exclusiva e racista, para a direção dos negócios da
cidade. Assim, a classe dirigente, que provém unicamente do grupo colonizador,
de longe o menos numerosos, só é beneficiada de uma irrisória aeração” p. 88.
“É o MEDÍOCRE, enfim, que impõe o tom
geral da colônia. É ele o
verdadeiro parceiro do colonizado, pois é quem mais precisa de compensação e da
vida colonial [...] De maneira que, se nem todo colonialista é um medíocre, mas
todo o colonizador deve aceitar em alguma medida a mediocridade da vida
colonial, deve compor com a mediocridade da maioria dos homens da
colonização...” p. 88.
- O
usurpador é o privilegiado não-legítimo.
- Fazem
qualquer coisa para tornar sua usurpação em legitimidade. a) ressaltando os
méritos do usurpador, “tão eminentes que pedem uma recompensa como essa” p. 99.
“A inquietação do usurpador, sua
sede de justificação exigem dele, ao mesmo tempo, que se auto-eleve às nuvens,
e que afunde o usurpado para baixo da terra” p. 90.
“quanto
mais o usurpado é esmagado, mais o usurpador triunfa na usurpação, para depois
se confirmar em sua culpabilidade e em sua condenação” p. 90.
- A
simples existência do usurpado é o bastante para caracterizar o usurpador.
“Uma vez
que tomou consciência da injusta relação que une ao colonizado, precisa
aplicar-se sem trégua à absolvição de si mesmo. Jamais se esquecerá de ostentar
publicamente suas próprias virtudes, agirá com impetuosa tenacidade para
parecer heroico e grande, merecendo amplamente sua fortuna” p. 62.
“A situação
colonial fabrica colonialistas assim como fabrica colonizados” p. 93.
“Pois não
é impunemente que se tem necessidade da política e do exército para ganhar a
vida, da força e da iniquidade para continuar a existir. Não é sem danos que se
aceita viver permanentemente com a própria culpa” p. 93.
O PATRIOTA (p.95)
- é na
metrópole que ele busca se encontrar. Ele apela à Metrópole, pois é o meio de
diferenciar-se do colonizado.
“Ele
apelará, portanto, para as qualidades de sua pátria de origem, celebrando-as,
amplificando-as, insistindo em suas tradições particulares, em sua
originalidade cultural” p. 96.
- Ao
colonizado é negado a participação do esplendor da Metrópole.
“Seu puro
fervor pela pátria faz dele, enfim, o patriota verdadeiro, aquele que melhor a
representa, e no que ela tem de mais nobre” p. 96.
- POLÌTICA DO PRESTÍGIO: mostrar a força para não ter que
utilizá-la.
O CONSERVADOR
“O
nacionalismo do colonialista é, na verdade, de uma natureza particular. Ele se
dirige essencialmente ao aspecto da pátria que tolera e protege sua existência
sua existência ao aspecto da pátria que tolera e protege sua existência como
colonialista. Uma metrópole que se tornasse democrática, a ponto, por exemplo,
de promover uma igualdade de direitos até mesmo nas colônias, correria também o
risco de abandonar as empreitadas colônias” p. 99.
- O
nacionalismo é o rosto da pátria.
“Para que
ele possa subsistir como colonialista, é necessário que a metrópole permaneça
sendo eternamente uma metrópole. E na medida em que isso depende dele,
compreende-se que se dedique à causa com todas as forças” p. 100.
“Toda nação
colonial carrega assim, em seu seio, os germes da tentação fascista. O que é o
fascismo se não um regime de opressão em proveito de alguns? [...] não há qualquer dúvida,
para quem o viveu, de que o colonialismo é uma variação do fascismo” p. 100.
“O
colonialista só pode sustentar governos e tendências opressivos e reacionários,
ou no mínimo conservadores” p. 100.
“O
colonialista é um germe de apodrecimento da metrópole” p. 101.
“O perigo
e a ambiguidade de seu excessivo ardor patriótico podem ser, aliás,
reencontrados e constatados na ambiguidade mais geral de suas relações com a
metrópole. É claro que ele a glorifica e se agarra a ela, a ponto de paralisá-la,
de afogá-la se for preciso” p.101.
“O
colonialista não ignora que obriga a metrópole a sustentar um exército, e que
se a colônia, para ele, só representa vantagens, para o metropolitano custa
muito mais do que lhe dá em troca” p. 102.
“É notável que o racismo faça parte de todos os
colonialismos, sob todas as latitudes. Não é
uma coincidência: o racismo resume e simboliza a relação fundamental que une
colonialista e colonizado” p. 107.
“O
racismo colonial é tão espontaneamente incorporado aos gestos, às palavras,
mesmo as mais banais, que parece constituir uma das estruturas mais sólidas da
personalidade colonialista” p. 107.
“Um
esforço constante do colonialista consiste em explicar, justificar e manter,
tanto pelo verbo quanto pelo comportamento, o lugar e a sorte do colonizado,
seu parceiro no drama colonial, e, portanto, seu próprio lugar” p. 107.
- Marcas
do racismo: a) evidenciar as diferenças; b) valorizar as diferenças em
benefício dele; c) afirmar que tais diferenças são essenciais e definitivas.
Agem para que realmente passem a sê-las.
“A
conversão do colonizado à religião do colonizador teria sido uma etapa no
caminho da assimilação. Foi uma das razões pelas quais as missões coloniais
fracassaram” p. 109.
“O
paternalismo mais aberto se revolta assim que o colonizado reivindica alguma
coisa, seus direitos sindicais, por exemplo,” p. 112.
PARTE 3 – RETRATO MÍTICO DO
COLONIZADO
O nascimento do Mito p. 117
“Assim
como a burguesia propõe uma imagem do proletário, a existência do colonizador
demanda e impõe uma imagem do colonizado” p. 117.
“Nada
melhor para legitimar o privilégio do colonizador do que seu trabalho; nada
melhor para justificar a penúria do colonizado do que sua ociosidade. O retrato
mítico do colonizado abarcará, portanto, uma inacreditável preguiça” p. 117.
“O que é
suspeito é a unanimidade da acusação e a globalidade de seu objeto; de maneira
que nenhum colonizado é salvo, nem nunca poderia ser” p. 119.
“Por meio
de sua acusação, o colonizador institui o colonizado como ser preguiçoso”. “O
colonizado não é livre para decidir se é colonizado ou não colonizado” p. 124.
“Um
colonizado que dirige um automóvel é um espetáculo com o qual o colonizado se
recusa a se acostumar; nega-lhe toda normalidade, como uma pantomima simiesca”
p. 124.
“A
ideologia de uma classe dirigente, como se sabe, se faz adotar em larga escala
pelas classes dirigidas” p. 125.
“Para que
o colonizador seja completamente o senhor, não basta sê-lo objetivamente; é
preciso ainda que ele creia em sua legitimidade; e para que essa legitimidade
seja completa, não basta que o colonizado seja objetivamente escravo, é
necessário que ele se aceite como tal. Em suma, o colonizado deve ser
reconhecido pelo colonizado” p. 126.
“Assim
como o colonizador é tentado a aceitar-se como colonizador, o colonizado é
obrigado, para viver, a aceitar-se como colonizado” p. 127.
A situação do colonizado p. 129.
“Podemos
dizer que a colonização fabrica colonizados, assim como vimos que fabrica
colonizadores” p. 132.
“Munido
apenas de sua língua, o colonizado é um estrangeiro em seu próprio país” p.
147.
“Curioso
destino o de escrever para um outro povo que não o seu! Mais curioso ainda é
escrever para os vencedores do seu povo!” p. 150.
“O
esmagamento do colonizado está compreendido nos valores colonizados. Quando o
colonizado adota esses valores, adota também sua própria condenação” p. 164.
- os
primeiros homens são sempre os portadores da moral universal.
CONCLUSÃO
“Chega o
dia em que o colonizado reergue a cabeça e faz oscilar o equilíbrio sempre
instável da colonização” p. 188.
“A
simples existência do colonizador cria a opressão, e só a liquidação completa
da colonização permite a libertação do colonizado” p. 188.
“O que
tem menos de trinta anos já não compreende a moderação dos mais velhos” p. 189.
Consulta
feita em 30/07/2013
©DesProf.Peixoto.Historiador
graduado pela UFRO/UNIR em 1997 e professor da Rede Pública de Ensino de
Rondônia desde 1990. Atualmente se encontra readaptado e pesquisando.
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