Um caso de autofagia mórbida dos Trabalhadores da Educação
Este foi um diálogo entre dois diretores de escolas públicas
de diferentes localidades da cidade de Porto Velho, Rondônia que não diferem em
nada dos seus colegas do Estado do Paraná e de Pernambuco. Tal diálogo
aconteceu enquanto desciam as escadarias do prédio da Secretaria da Educação
depois do primeiro dia de aula do ano letivo de 2015. Eis o diálogo:
Her. Diretor 01: — Caro colega, acreditas que operários motivados
trabalham melhor? Pois é né: na escola onde eu fui eleito diretor tenho sido um
grande motivador dos professores e do pessoal que trabalham na Senzala da
Escola. Neste ano letivo de 2015 aumentaremos a produtividade como nunca
ocorreu antes. Conseguiremos 100% de excelentes resultados sem aumentar um
centavo no salário deles e ainda vão trabalhar aos sábados. Nem sequer o Piso Salarial
Mínimo Nacional receberão! A única promessa que fiz é que 2015 só haverá como
dizia Winston Churchill: sangue, suor e lágrimas. E se acharem ruim: que peçam
para serem devolvidos! Pois, o que interessa de fato é que os únicos que podem
ficar feliz por aqui é o nosso amado governador e nós. Ele terá suas escolas de
tempo espichado, perdão, de tempo integral a custo zero em mão de obra e nós
teremos nossas gratificações garantidas.
Her. Diretor 02: —
Mas meu caro coleguinha Her. Diretor 01, não foram os seus pares, os
trabalhadores da educação, que o elegeram?
Her. Diretor 01: — E daí caro coleguinha? Nada haver! Votaram
em mim por que quiseram. O Voto não é democrático? Não obriguei ninguém a votar
na minha chapa.
Her. Diretor 02: —
Mas Her. Diretor 01: — O senhor, durante a sua campanha não prometeu que seria
bonzinho caso fosse eleito?
Her. Diretor 01: — E daí? Nada haver! Prometi ser bonzinho, mas
os bestas nunca perguntaram para quem. Ainda mais digo: Votaram em mim por que
quiseram. Bando de lesos! Não tenho culpa se agiram como ovelhas crentes que
escaparia do matadouro só porque eles elegeram outra ovelha para ocupar o cargo
de pastor, digo, diretor.
Her. Diretor 02: —
Mas Her. Diretor 01: Eles acreditaram que escolhendo uma ovelha igual a eles,
esta jamais se bandearia para o lado dos lobos.
Her. Diretor 01: — E daí? Nada haver! Quem disse que somos iguais
depois que somos eleitos? Não tenho culpa se fingem ignorar tal fenômeno tão
normal entre nós.
Her. Diretor 02: —
Mas Her. Diretor: eles acreditaram no senhor. Mas por que fizeram isso assim
mesmo?
Her. Diretor 01: — E tinham alternativas? Se fosse outro
entre eles ao invés de mim, faria alguma diferença?
Her. Diretor 02: —
Aí o senhor me pegou! Não tem outro jeito não! Vida cruel né? Salve-se dela quem
puder. Não é Tomás Hobbes que disse que os homens não são sociáveis por
natureza, a não ser por acidente? “"Homo homini lupus", isto é: o
homem é o lobo do homem?”
Her. Diretor 01: — Oxente! Quem é esse tal de “Robis” homem?
É o pseudônimo do governador blogueiro é? Só sei mesmo que ser lobo é “mais
melhor” que ser ovelha! Nós nos demos bem....
Comentários