O FATO ou, esvaziamento do discurso acadêmico
Ao Mestre Vasconcellos Sobrinho
O sol é exato, é fato.
A ciência apura: quantas, fótons.
E eu, cá embaixo,
Um fato?
Dado concreto, objeto
dissecado.A ciência apura: quantas, fótons.
E eu, cá embaixo,
Um fato?
No entanto, assistemático.
Quem mensura não me explica.
Que morra toda a estatística
E que a ciência estertore
Como fato de cabrita
Pendurada no curtume.
Sob o sol, nesses
ardores,
Não calculem minhas dores.
Quero
p(r)o(f)etas,Não calculem minhas dores.
Não, doutores.
O sol deveras é exato,
lá no alto.
E eu,
o objeto, o fato,
ressecado no arame.
Rejeito o método.E eu,
o objeto, o fato,
ressecado no arame.
Rejeito o número.
Rejeito o nome.
Só me consumo.
E o sol me consome.
Eis um homem!E o sol me consome.
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pseudônimo Peixoto 1967
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