Sonhos Vandalizados
DesProf.Peixoto
— Como foi curta sua luta e vã sua euforia senhores
professores grevistas!
— Malditos sejam os oportunistas sindicalistas filhos de uma
cut, de ego inflado pela força sindical de ideias falidos, estratégias já
manjadas e de gestos teatrais vazios de sentidos. Manipuladores sagazes que
vampirizam seguidores que pecam por crerem serem inteligentes demais.
— Não importa o locus de vossa suposta luta. Tanto faz se é
em Pernambuco, Rondônia, São Paulo, Paraná ou em qualquer rua: o resultado tem
sempre sido o mesmo em qualquer lugar: dor, sofrimento, decepção e perca de
tempo, sem falar dos papeis ridículos que tiveram de passar.
— Ridículas procissões, por ponte, ruas ou estações.
Resultado: balas de borracha no lombo, gás lacrimogênio até se lascar. Quando
não fizer papel de besta pelo próprio companheiro que em nome de qualquer
sindicato a fé, a força, a emoção, a confiança, o companheirismo, a lealdade, a
razão esses cabras safados lhes tirar.
— A dor que sente todo docente quando traído por um companheiro
nada inocente, dói muito mais que a dor imposta a todos por qualquer governo indiferente.
Seja ele de esquerda ou direita: não importa, pois a sacanagem não escolhe
portas por onde quer passar. A dor nos é imposta quando o nosso único sonho se
limita a feira poder pagar. Reprodutores de conhecimentos alheios já não pode
mais nada desejar.
— Senhores reprodutores que em nome de razões pequenas
burguesas querem um piso para andar. Não percebem que foram iludidos e que na classe
média nunca poderão está? Acreditam mesmo que classe C se confunde com a classe
A? Parem como essa leseira, deixe de besteira, não sonhe com isso para não se
frustrar. Pois os únicos entre vocês que as suas custas ali podem chegar; são
aqueles velhos sindicalistas, filhos de uma CUT que vocês costumam se enganar.
— A euforia de uma luta burra, mais cedo ou mais tarde
haveria de cansaço acabar. Não se esqueçam de que o pior ainda vai começar
quando as aulas não dadas, os conhecimentos não reproduzidos por vocês terão
que em dobro pagar. Os bobos até no dia de finados trabalhando enquanto os
sindicalistas à surdina articulando outras formas de ludibriar. Inclusive
agora, vivem se fingindo de amiguinho repetindo que só fizeram uma trégua para
Inglês enganar. Velhas cantilenas sindicais para otário consolar. Discurso de
pastor para fiel lesar.
— A greve acabou e em alguns lugares nisso sequer se cogitou
e em outros a canseira ainda nem chegou. Nada mais importará porque nada de bom
aventura louca assim nos legará. A não ser desilusão, perplexidade, trauma e dor.
Nossos sonhos foram, enfim, vandalizados. Precisamos mesmos de novos gládios
para lutarmos melhor.
— Augustos dos Anjos é que tem razão quando em seu soneto Vândalos,
nos ajuda a entender o tamanho do estrago que em nossa Catedral a gente mesmo
causou. Sente só o que um simples pedacinho dele é capaz de nos representar:
“Como os velhos Templários
medievais,
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos...
Erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a Imagem dos meus próprios sonhos!”
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