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MEU CORAÇÃO E MEU TECLADO ESTÃO AO LADO DOS JOVENS MANIFESTANTES

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N o início de 1970, quando a repressão do ditador Médici estava desembestada, foi-me passada uma nova aliada, que nem me lembro quais serviços andou prestando para nós da VPR. O inusitado era a figura da mulher, uma idosa simpática e robusta, com ânimo invejável. Voz forte e calorosa. Gestos desinibidos, espalhafatosos. Jeitão de quem lidava ou lidara com as artes.   Simpatizei muito com ela. Mas, não tinha, nem de longe, a forma de ser e o discurso de quem apoiava a luta armada. Conseguia imaginá-la em passeatas, nunca na resistência clandestina. Por mera curiosidade --dela não tive um pingo de suspeita-- indaguei o motivo de ter decidido nos ajudar. A resposta me deixou arrepiado, foi algo mais ou menos assim: " Meu tempo de discutir linhas políticas já passou. Agora, tenho de acreditar nos jovens e apoiar o que eles estão fazendo. Vocês são nossa única esperança " . É como me sinto em relação às manifestações de protesto contra antig...

Ruben Alves: "GANHEI CORAGEM"

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Rubem Alves colunista da Folha de S. Paulo "Mesmo o mais corajoso entre nós só raramente tem coragem para aquilo que ele realmente conhece", observou Nietzsche. É o meu caso. Muitos pensamentos meus, eu guardei em segredo. Por medo. Alberto Camus, leitor de Nietzsche, acrescentou um detalhe acerca da hora em que a coragem chega: "Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos". Tardiamente. Na velhice. Como estou velho, ganhei coragem. Vou dizer aquilo sobre o que me calei: "O povo unido jamais será vencido", é disso que eu tenho medo. Em tempos passados, invocava-se o nome de Deus como fundamento da ordem política. Mas Deus foi exilado e o "povo" tomou o seu lugar: a democracia é o governo do povo. Não sei se foi bom negócio; o fato é que a vontade do povo, além de não ser confiável, é de uma imensa mediocridade. Basta ver os programas de TV que o povo prefere. A Teologia da Libertação sacralizou o povo como i...

A Exclusão Feminina nas Epístolas Canônicas de Paulo

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por Simone Rezende da Penha Mendes Sobre a autora [1] Até os dias atuais, alguns especialistas - dentre biblistas, exegetas e historiadores - ainda defendem a figura de um Paulo contrário à atuação das mulheres em cargos de liderança nas ekklesiai do período paleocristão. Nesse sentido, Paulo teria propagado uma desigualdade de gênero em relação às mulheres. No entanto, o que de fato nos causa a impressão dessa dicotomia paulina são as passagens contidas justamente nas epístolas que apresentam problemas quanto à sua autenticidade. As epístolas paulinas reunidas no cânon bíblico totalizam treze, dentre as quais, sete são consideradas como "genuínas" segundo um amplo consenso entre os especialistas: Romanos , 1 e 2 Coríntios , Gálatas , Filipenses , 1 Tessalonicenses e Filêmon . As demais, Efésios , Colossenses , 2 Tessalonicenses e as Epístolas Pastorais ( 1 e 2 Timóteo e Tito ), são chamadas de "deuteropaulinas" ou "pseudopaulinas"...