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Mostrando postagens de abril, 2014

a bitola das maryluhs: àquelas que enxergam o horror como um louvor a deus...

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“faço livros como quem cria contradições, cria nós, solta bombas no meio da rua. qualquer coisa q pareça o contrário disso não é minha literatura. e em tudo o q exerço minha “visão de mundo” exerço como um deslocado, um ser estranho q vive pra minar o existente, o institucional, o estabelecido: jogo pra quebrar as regras, por não poder estar em outro lugar, outro tempo: aqui e agora é o campo e o momento da luta. por isso não pertenço a nenhum lugar, seja cidade, região, país ou mundo. escrevo como respiro: contra o horror”

alberto lins calldas.:.quando a chama chega bem perto...

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● quando a chama chega bem perto ● ● mesmo sonhando todo dia com o fogo ● ● a fogueira queima da pele ate o osso ● ● no osso o tutano assa e se inflama ● ● o sangue borbulha como sopa de cebolas ● ● o olho os dedos e a lingua nada podem ● ● quando a rede se arma ha o desejo ● ● de cair na rede e pagar pelo crime todo ● ● q não se cometeu vida q não se viveu ● ● ser devorado carne a carne com sal ● ● com temperos leite de coco e verduras ● ● pratos de porcelana e talheres de prata ● ● quando o contraponto são tempestades ● ● enquanto todos se escondem sem pensar ● ● o castrador de porcos amola a lamina ● ● o castrador de porcos graceja e dança ● ● o castrador de porcos sabe o q fazer ● ● o castrador de porcos é um artista feliz ● ● quando não é hora e a boa hora chega ● ● a foice ta sempre muito bem afiada ● ● o castrador de porcos sabe trabalhar ● ● esse deus demonio goza no sangue ● ● goza nos pedaços q arranca no seu tear

ALBERTO LINS CALDAS: DE CORPO PRESENTE...

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E ste post foi publicado em   Efêmeras Divagações   e marcado com a tag   Alberto Lins Caldas ,   De corpo presente ,   Ibis Libris   em   03/03/2014 .

MINOS de ALBERTO LINS CALDAS

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Por  João José de Melo Franco Diz-se que  Minos , quando morreu, o lendário rei que deu à antiga civilização cretense a qualidade de seu nome, a  cultura minóica  (séc. XV a.C.), desceu ao mundo subterrâneo, onde tornou-se um dos juízes dos mortos, que se apresentavam diante dele e eram encaminhados para determinados círculos do Inferno, segundo a falta mais grave que tinham cometido em vida. Assim ele é vivamente retratado por  Dante Alighieri, no Canto V, no Inferno da Divina Comédia . E este também é o  Minos  de  Alberto Lins Caldas , contudo, e surpreendentemente,  o juiz dos mortos por ele referido, está, como o poeta, em um inferno invertido, não mais nos subterrâneos, mas entre nós, e à beiramar . Por estar entre os vivos, o Minos de Alberto, adquire uma amplitude humana, não apenas o rei lendário e o juiz dos mortos, mas também o criador de labirintos, o homem entre homens, o homem diante da natureza e do pensar, o criador de touros, o homem diante da brutalidade do exis

COMO UM ANTIGO TORTURADOR COMETERIA O CRIME PERFEITO

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Por Celso Lungaretti V amos supor que um torturador de outrora quisesse eliminar dois dos seus congêneres, de tal forma que o assassinato não viesse a ser imputado nem a ele, nem a outros veteranos da repressão ditatorial. Um dos alvos, porque estava próximo da morte e mantinha um minucioso arquivo sobre agentes do Estado que cometeram crimes contra a humanidade, como os cometeram, quem foram suas vítimas, que fim tiveram os respectivos restos mortais, etc. Sabia-se lá quem ficaria com tal arquivo quando ocorresse sua morte natural e qual o destino que a ele daria. Daí a conveniência de antecipar o desfecho, para o poder administrar convenientemente, só permitindo que viessem a público informações tornadas inócuas pelo passar das décadas. Outro, porque dera com a língua nos dentes num palco iluminado e, mesmo que não voltasse a fazê-lo (deixara de identificar comparsas vivos, mas poderia mudar de ideia), constituía-se num péssimo exemplo. Quantos  pés na cova  com os mesm

POR QUE TIRADENTES?

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Por Celso Lungaretti Q uando menino, compartilhava o enfado de meus colegas de classe diante da obrigação de escrever, ano após ano, qualquer bobagem sobre o  Mártir da Independência , mera repetição, com outras palavras, do que estava nos manuais escolares. De quebra, tínhamos de enfeitar esses trabalhos com bandeirinhas brasileiras que desenhávamos ou decalcomanias adquiridas nas papelarias; às vezes, fitinhas verde-amarelas. Mais brega e mais tedioso, impossível. Então, Tiradentes caía naquela vala comum a que intimamente relegávamos tudo que fosse oficialesco. Fingíamos respeitá-lo, porque era esta a reação que os adultos de nós esperavam. Nada significava para nós. Foi a peça  Arena Conta Tiradentes  que me reconciliou com a figura do herói, quando eu tinha 17 anos e já me interessava pela política de esquerda. Porque ela fez a tragédia histórica ganhar vida diante dos meus olhos. E também me levou a perceber Tiradentes como o único conspirador que falava a l

A NOVA BATALHA DO LUNGARETTI CONTRA AS BUROCRACIAS LETÁRGICAS, INSENSÍVEIS E ATRABILIÁRIAS

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Passei o ano de 2004 e metade do de 2005 travando uma dramática batalha pública para que a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça respeitasse o direito que, como desempregado, eu tinha à priorização do julgamento do meu caso.  Com queixas a várias instituições e entidades, além de denúncias pela imprensa, finalmente consegui que o processo fosse pautado e julgado, passando a receber uma pensão mensal vitalícia como reparação por tudo que sofrera no já longínquo ano de 1970: torturas bestiais, uma lesão permanente e, como consequência da ação espúria dos agentes do Estado, gravíssima estigmatização. Daquela vez, frequentemente acusei de  insensíveis  as burocracias que tinham meu destino e até minha vida nas mãos (pois o desemprego me levara a uma situação desesperadora). Nunca imaginei que fosse defrontar-me uma segunda vez com a mesmíssima insensibilidade -para não dizer rancor. É o que está acontecendo agora.  E, se levei 50 meses para desata

"ENQUANTO MALHÃES LANÇAVA CORPOS EM RIOS, MINO CARTA BATIA BUMBO PARA MÉDICI"

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Q uando Mino Carta fez de sua revista um  house organ  no pior sentido da palavra, infestando-a de textos panfletários e lobbistas que secundavam a caça a Cesare Battisti deflagrada por Silvio Berlusconi, cansei de desafiá-lo para defender sua postura inquisitorial numa polêmica. Adivinhava que se acovardaria, como sempre se acovardou.  Já amarelara em 2004, quando uma repórter da  Carta Capital  me entrevistou sobre o 25º aniversário da Lei da Anistia e ele ordenou, na enésima hora, que fossem suprimidas todas as referências ao meu nome.  Também naquela ocasião mandei uma veemente contestação da atitude despótica que, com a mesma prepotência dos censores da ditadura, ele tomou. Em vão: não deixou que publicassem, nem respondeu. Estava ciente de que todo seu poder de nada valeria num confronto de textos, pois eu pulverizaria facilmente sua algaravia pomposa.  A que se devia tal antipatia gratuita? É simples: ele odeia os contestadores de 1968. Sempre nos detestou.

As igrejas na ditadura: uma reflexão

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Magali do Nascimento Cunha ( magali.ncunha@gmail.com ) O tema "O papel das igrejas na ditadura" traz com ele três palavras: memória, verdade, justiça. As três estão conectadas. Estamos falando de um passado, mas de um passado mal resolvido, que deixou marcas, feridas que ainda não foram cicatrizadas. São feridas abertas porque o passado não foi construído com verdade e com justiça. Sou de uma geração em que a palavra "ditadura" não era utilizada para falar desse tempo vivido - utilizava-se a palavra "revolução". Era uma forma de silenciar a memória. E, neste caso, mentir (revoluções são de outra natureza...). Como as feridas abertas nesse passado feito de injustiça, repressão, exclusão e crueldade com as prisões arbitrárias, a tortura e a morte poderiam ser curadas com falseamento da verdade e com o apagamento da memória? Por isso é preciso reafirmar que memória se constrói afinal, o passado ainda está em nós. E ele está sendo reconstruído por um Bras

A NOVILÍNGUA DA DILMA: IMPOSIÇÃO E CHANTAGEM VIRARAM "PACTOS POLÍTICOS"

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Por Celso Lungaretti "Assim como respeito e reverencio os que lutaram pela democracia, enfrentando a truculência ilegal do Estado (...), também reconheço e valorizo os pactos políticos que nos levaram à redemocratização." Esta frase é a mais infeliz que a presidenta Dilma Rousseff já pronunciou, até por haver omitido duas palavrinhas que fazem toda a diferença:  pela metade . Como consequência das concessões que os dirigentes oposicionistas fizeram em nosso nome, tivemos uma redemocratização pela metade, autoritária, manipulada, juridicamente capenga, oportunista e que deixou feridas abertas até hoje.    Trata-se, também, de uma afirmação reveladora: atesta que, nos pronunciamentos de Dilma, seu presente de candidata à reeleição pesa muito mais do que seu passado de revolucionária e presa política.  Ela quer evitar a qualquer preço que o tiroteio ideológico atrapalhe sua campanha eleitoral -a ponto de, por medida provisória, haver transferido a d