Religião e Xenofobia

Uma da razões da religião nunca sumir é a sua utilidade política.

*Luis Sabanay

A proliferação do preconceito e do ódio através do sentimento religioso é um tema político para além do processo eleitoral.

A xenofobia é uma estratégia da oposição. No último mês, multiplicou-se de forma crescente uma onda de difamações contra as campanhas do Partido dos Trabalhadores e seus aliados. A oposição escolheu incluir nas redes ligadas aos sistemas religiosos, basicamente cristãos católicos e evangélicos, a velha disputa do bem e do mal. Suscitam os temas chamados polêmicos à moral cristã como aborto, homossexualismo, ateísmo, perdas das liberdades, satanismo para criar o assombro nas massas religiosas. Lógico, nem todos os cristãos estão envolvidos. Há repúdios explícitos em ambas as tradições contra a desinformação e a proliferação de informações inverídicas nessas eleições. Não é a primeira vez e não será a última. Mas o essencial é saber do agravante, a dose xenófoba, o medo do desconhecido mascarado como aversão, e a difusão do preconceito no entorno das manifestações de líderes e Igrejas cristãs.

Há exemplos no passado, inquisições, nazi-fascismo, racismo, apartheid. Não é necessário aqui descrever quais as verdades e mentiras, porque as calunias sem sustentação se revelarão no decorrer do tempo, restando a vergonha aos que, em nome de Deus, serviram-se desses artifícios. A xenofobia é abominável. Utilizar-se de uma suposta “pureza” para eliminar as chamadas “impurezas” de um determinado grupo ou sociedade. Abstraindo-se de qualquer senso critico, criando estereótipos e ódio na sociedade.

O vale tudo nas eleições e o despreparo das chamadas “elites” brasileiras conduziram à utilização desses métodos. Negaram o debate político e de projeto de sociedade para criar o ódio e o preconceito. A preocupação é o amplo envolvimento de cristãos, alguns bem preparados e conscientes, em servirem-se desses artifícios, absolutamente contrários aos preceitos da Fé Cristã. Valeram-se da mentira como instrumento para afirmação da sua verdade, ou para revelar qual é a verdade em jogo: utilizar da boa fé, da religiosidade, da inocência das pessoas, como ferramenta hostil de uma disputa política e ideológica nessas eleições.

A estratégia está identificada. Aglutinar a opinião e o senso comum entre os fiéis através da moral cristã, criar o estereótipo e produzir preconceito social contra a candidatura do Partido dos Trabalhadores. Os prejuízos seguintes a ações dessa natureza podem, sem dúvida, ter consequências irreparáveis ao convívio democrático, à pluralidade e à liberdade de consciência conquistada com muito esforço e luta nos últimos anos.

O debate sobre a utilização da chamada “ética cristã” como ferramenta política, enviesada de atributos ideológicos perversos será amplamente difundida e, terá reflexos eleitorais. Cabe nesse momento, desmascarar tal perversidade.

*Reverendo Luis Sabanay – Teólogo e Pastor Presbiteriano

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