CONFÚCIO MOURA OU CONFUSO MOURA?


CARTA DE UM PROFESSOR AO NOVO GOVERNADOR DE RONDÔNIA CONFÚCIO MOURA
Caro senhor Governador,

— Parabéns pela sua eleição e diplomação ocorrida! Mas, o assunto que gostaria de tratar com o senhor é outro. Diz respeito a sua escolha do futuro chefe da pasta da Secretária de Estado da educação - SEDUC o senhor Jorge Alberto Elarrat Canto.
Creio que o senhor sabe, melhor do que eu, que a educação que se faz em Rondônia até agora é uma vergonha e é medíocre , meu caro governador. Para justificar esta minha afirmação tão categórica, vou citar alguns fatos corriqueiros que eu presenciei, da qual também fui vítima ao longo de mais de vinte anos de exercício desta sofrida e ilusória profissão e que é visto por muitos como algo até “natural”. Sei que o senhor há de concordar comigo e que também está cansado de saber disso, mas não custa muito nos lembrar só mais um pouquinho. Não é? Pois, para mim, não tais fatos jamais são naturais, mas políticos. A saber:

1] Quanto as condições de vida de muitos dos professores:
 De quase pura miserabilidade! Professores que, com o salário que ganham, jamais podem ter sua casa própria e vivem até hoje de aluguel. Que estão atolados até a próxima geração depois da dele de dívidas contraídas no banco do Brasil para poder terem alguma coisinha no mukifo onde moram. Que nem sequer podem tratar dos próprios dentes,muito menos dos dentes dos seus filhos. Que se vestem mal e se alimentam pior ainda, não tem condições de se atualizar de forma alguma. Enfim: vivem mal e, por isso, infelizes! Os sortudos que têm boa qualidade de vida constituem uma pequena minoria, normalmente são os que têm alguma portaria dentro da SEDUC ou aliança política espúria, conjuntural, de conveniência com quem está mandando no pedaço.
2] Quanto as sacanagens políticas que ocorrem quase que de forma natural no interior das escolas:
Eis alguns casos: os assédios morais, abusos de autoridade, perseguições políticas e pedagógicas por parte de muitos gestores ainda, discretamente, ocorrem em escolas como a do Quatro de Janeiro da capital. As doenças psicossomáticas que professores em cargos comissionados de direção escolar causam propositalmente ou, no mínimo, ajudam a fazê-las aparecerem na vida dos colegas só porque não vai com a cara dele, não gosta dele, pior, por não terem a capacidade de debater com os mesmos. As incompreensões desses diretores, as sua perseguições, as deportações ou devoluções criminosas feitas por essa gente, na sua maioria velha, caquética e burra que não sabem conviver com professores diferentes, reflexivos e críticos. Há as sacanagens motivadas até por homofobia: professores homossexuais ou travestis sendo assediados moralmente pela sua opção sexual como no caso ocorrido com um professor da capital, já muito bem noticiado pela imprensa local.  Há também as sacanagens que existem nas representações de ensino quando impedem muitos profissionais de fazerem, no mínimo, uma pós-graduação sem fundamento na lei, por pura sacanagem mesmo. Por não quererem que os colegas progridam na profissão e passem há ganhar um pouquinho mais no salário com o título que venha conseguir.
3] Quanto a política equivocada de lotação de profissionais praticada até hoje pelas representações de ensino:
Onde, muitas das vezes é usada como forma de punição, exílio, ostracismo do professor tido como chato e questionador e de premio dos professores bajuladores e colaboradores passivos Um política que nunca priorizou a lotação do profissional numa escola próxima ao bairro onde ele reside como forma de evitar atrasos do mesmo, o gasto desnecessário do salário dele com transporte, coisa que indiretamente, aumenta o poder aquisitivo do salário recebido e, principalmente, melhora a forma do professor trabalhar com o público, cujo bairro, ele está inserido e conhece bem.
4] Quanto a forma como os governos até hoje “formam”, isto é “reciclam” os profissionais da educação:
Sempre feita num mesmo, num só lugar [suspeito]: no Rondon Palace Hotel e num curto espaço de tempo. Que utilizam pastinhas de papelão com uma folha de papel ofício A4 e uma caneta Bic dentro. Com palestras inúteis e ineficazes do ponto de vista pedagógico que não tem uma carga-horária que permita o profissional galgar sequer um título de pós-graduação. Onde os promotores deste evento costumam gastam dinheiro público com certos professores safados que existem dentro da UNIR que se valem desse expediente para se dar bem na vida. Esses são regiamente bem pagos para se promoverem à custa dos esfomeados que dele participam. Pois há muitos colegas, dessa categoria profissional, que só participam do evento para poderem comer bem e fazer turismo na capital. Que retornam as suas escolas mais idiotas do que antes, mesmo estando mais felizes com o bucho e os olhos cheios.  Esta tem sido e é a política de “reciclagem”, perdão, “formação”, “atualização” de professores neste Estado. Bom a beça para os sócios do referido Hotel, não é?
5] Quanto as condições de trabalho não supracitadas:
As salas de aulas, senhor Governador, continuam super lotadas. Não há escolas o suficiente para atender a demanda, então o Estado vem sempre socando alunos em todo espaço que poder encontrar para atender as exigências legais, ao invés de triplicar o tamanho da rede de ensino oferecido. O glamoroso e poderoso Ministério Público, Conselhos Tutelares, Delegacia do Menor e a própria SEDUC não querem nem saber. Não se importam! Que se explodam! Afinal de contas, não são os filhos deles que precisam estudar nelas. Esses, vão mesmo é para o colégio Classe A; Dom Bosco e outros que existem para sua satisfação. E não são eles que tem que trabalhar nessas escolas-depósitos, escolas-carceragens, escolas-zoológicas que tem sido as escolas públicas de Rondônia: infilizmente!

— Sim e daí? Já sei disso tudo. Pode o senhor está pensando agora. Mas, o que tudo isso tem haver com a escolha que fiz para a pasta da Educação? Pois bem: — Por que o senhor escolheu para ser o novo Secretário de Educação um engenheiro eletrônico, segundo os noticiários locais ?

Será que é para dar um jeito nas instalações elétricas das escolas estaduais? E evitar apagões elétricos como o que aconteceu na EEEFM QUATRO de janeiro neste ano? Será este um dos motivos da sua escolha? Isso pode ser um bom motivo, pois poderemos ter a enorme satisfação de não ver mais acontecer o que aconteceu na referida escola. Se o governo anterior tivesse pensado nisso, teríamos sidos poupados de saber e ver a tão bondosa e idosa diretorinha dessa boa escola da capital, passar oito duros e longos anos de uma  gestão patética que, graça ao bom Deus está se findando, emendando fio, fazendo gambiarra a torta e direita para que a Escola não parasse de funcionar e esconder o que deveria ter sido denunciado publicamente.

— Por que o senhor escolheu para ser o novo Secretário de Educação um Professor universitário, Pós-graduado em Metodologia do Ensino Superior e Mestrado em Administração Análise Estatístico de Políticas Públicas, segundo os noticiários locais?
Será que é para ele fazer tão bem na gestão pública o que ele faz na vida privada? Segundo informações de amigos professores, alguns inclusive da UNIR que o conhece de perto: este nobre cidadão é muito bom no que faz. É uma excelente pessoa. Sabe como ninguém, como vender palestras de temas variados que tem como base a auto-ajuda. Especialmente para os órgãos públicos. E se deu muito bem com esse estilo do tipo Lair Ribeiro de se viver. Também, segundo alguns desses amigos que já tiveram a oportunidade de ouvir suas palestras e que não gostaram, o nobre cidadão é comparado ao ex-secretário da educação de São Paulo Gabriel Chalita. Contudo: Como dizem: "um Gabriel Chalita tupiniquim piorado", cujos discursos lembram os textos dos livros já publicado pelo o Chalita original. Livros como o da “Pedagogia do Amor”; “O Sol após a Chuva”; “Educar em Oração”; “Pedagogia da amizade” e outros congêneres da pedagogia chalitaísta. Mas, para os fãs desses "clássicos" da literatura pedagógica nacional: ele é e será o cara!

Ora bolas, por qual grupo político mesmo este cidadão foi indicado senhor Governador? O senhor não me venha dizer que o critério de escolha foi só a ficha limpa dele está bem? Isso é conversa parta boi dormir. O senhor é um político dos bons e sabe que não existe neutralidade nessa história. Agora, se ele não foi recomendado por grupo político algum, coisa que desconfio, onde foi que o senhor foi buscar tal indicação? Numa sessão espírita por um acaso? Foi alguma manifestação espiritual kardecista que lhes revelou tal nome?

Agora, se, somente se,  for verdade o que os críticos das palestras dele disseram para mim, não tenho condição alguma de me sentir otimista quanto ao futuro imediato. Nada contra a pessoa dele: talvez seja um cara muito legal, boa gente. Porém, mesmo acreditando de certa maneira no seu bom senso, me perdoe, sou um cético. Não é de graça que sou formado em História, leio os livros que consigo ler comprando-os fiados, tenho os amigos que tenho inclusive dentro da UNIR e ter tido como orientador Alberto Lins Caldas e outros que fazem parte do lado bom dessa universidade federal de onde este sortudo cidadão integrou  e o senhor o convidou para ser seu Secretário da Educação.

Senhor Governador: temo profundamente que tenhamos de continuar ouvindo palestras no Rondon Palace Hotel como sempre, com a diferença de, talvez, não ser obrigado pela comida que lá oferecem, suportar os palestrantes pilantras da UNIR de sempre, mas do Gabriel Chalita e genéricos. Temo que sejamos embebedados de inúmeros discursos de auto-ajuda para podermos suportar sorrindo as mesmas presepadas vividas na educação de Rondônia ao longo da história que citei no inicio desse texto. Mesmo que o senhor, para facilitar tais coisas, nos der um aumentinho de salário. Vai ser um horror ver tudo de novo acontecer com uma roupagem diferente e adocicada. Tomara, que pelo o menos possamos já ter tido algum aumento salarial para poder ler outros livros diferentes e superiores a dos Gabriel Chalita e evitar o contato com outros textos dos babacas da pedagogia do amor deste país.

Quero terminar, senhor governador, dizendo uma coisinha: espero está profundamente enganado mesmo. Oxalá que o senhor ou o grupo político ou "espiritual" que indicou este senhor esteja certo e eu errado. Tomara que as informações que chegaram a minha pessoa não se confirme com o tempo. Desejo de coração que o senhor governe bem, pelo o,menos para minorar a tristeza da vida vivida de muitos professores deste Estado. Sabendo que um professor feliz, trabalha melhor.Boa sorte!

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